sábado, 11 de janeiro de 2020

PARNASIANO - por Clayton Craveiro


Das musas do Monte Parnaso
De cada coisa um extrato, 
Meu pólo assimétrico, por assim ser eu trato. 
O grato pelo ser grato
não indica o consumado ato
Mas há de saber que em seu prato
há labor, há saber, há pecado
o androceu no geniceu
não há melhor transgressão
arsenikó kai thilykó
Etílico, eu como 
se eu isso, eu aquilo
Eu idílico,
Eu Apolo,
no Parnaso fico.




AMORA - por Clayton Craveiro

Deitado na cama, se a janela estiver aberta, consigo ver um pé de amoras. Não aquelas amoras que aparecem na foto de geleia de supermercado ou sache de suíte de hotel. Amoras silvestres pretinhas e compridinhas. As raízes estão do lado do muro do vizinho que não liga para o pé e nem se dá conta do quanto gosto de amoras. Melhor assim. 😋

No fim do outono a amoreira perde toda sua folhagem. Fica pelada como uma árvore fantasma. A lua quando nasce no horizonte no final da tarde costuma aparecer atrás dos galhos secos.

Em agosto começa a brotar para depois fazer a festa dos canários, pardais, tucanos, claytons, e outros passarinhos que aparecem por aqui.

Nesse calorão de janeiro, suas folhas já começam a amarelar. Mas ainda faz aquela boa sombrinha.

Passa o tempo e ela, em seu ciclo sagrado, nem se dá conta da felicidade plácida que dá aos outros com seus frutos, sombra ou simplesmente por estar ali.

A vida devia ser assim: uma amoreira. Ando muito bucólico...