quinta-feira, 2 de maio de 2019

Do Tempo, da fraternidade e do amor - por Clayton Craveiro



Eu só tenho três minutos???
“Vá lá... Quatro”
É que aqui, tudo é eternidade
Enquanto o tempo / Faz maldade com a gente
Só anda pra frente / Não adia a verdade
Não sabe voltar

Eu podia escrever uma história para provar que sou sublime,
me fazer de importante
Mas Fernando, o Pessoa  / Já eternizou esse instante

Quanto a mim, o tempo às vezes oprime
Talvez a você também
Apertando meus olhos; bagunçando os relógios
Mil cucos não bastam; insônias não curam



O tempo nos toma tempo!

É preciso vencê-lo todos os segundos
Embora nunca cheguemos em primeiro

Nas rotações desse mundo
Há o lado bom, há o lado ruim
E existe a falta de lados / Mesmo cortados por Greenwich

E o tempo, indiferente, continua...

Tenho pra mim que o tempo não escolhe / e nem acolhe quem está fora do tempo

Ele devia ser um detalhe
Uma leve ironia
Como a magia de um gol aos quarenta e seis
do segundo tempo da vida

Mas faço dele poesia
Aproximo meus afetos
Dou tinta aos meus papéis virtuais
Para a vovó, vovô e seus netos
Para que sejam tratados como iguais
A garota do traço
O garoto do baixo
Àquela ali que também amo e conheço bem
Para você, você, e você,...

Venço o tempo provisório
Sem palavrório a esmo
Direto, soco inglês
A flecha e a caça
Não sei se em bom português...
Mas é isso o que posso
Pra me fazer compreendido

Sem alarde
Para o frescor da tarde
Para a libido da noite
Para as páginas das manhãs
Mas sobretudo,
e isso eu não conto
(Só pra vocês, vai... )
Para espalhar o tal do amor!

Esse cara que vence o tempo
Que em tempos difíceis
Está sempre presente
Apesar das águas, do fogo,
da lama, oitenta tiros insanos,
prédios desabados e
déspotas mal disfarçados,
que nos soterram a cada dia
Apesar das lágrimas teimosas
Daqueles instantes sem riso
pois é...
Pois assim é... tal e qual navegar:
- Também é preciso...

Mas deixe estar /  que o coração de quem ama
Está sempre pronto.
Um abraço...
Às vezes só um abraço / ou um sorriso...

* * *

Devia ter uma lei pra quem não fala do amor, / da amizade, da fraternidade,...
Pagasse taxa, tarifa
Comprasse rifa velha, sei lá...
Que fale!
Que se expanda por aí

Sem sacrifício
e sem egolatrias tolas
Que seja prazer, não ofício
Nada de regras
Tipo um compromisso, assim sem compromisso:
- A gente se vê, hein...?! - e como é bom quando a gente se vê ...
- Eu passo lá ! - e como é bom esse encontro
- Te ligo ! - e no meu ouvido tua voz sempre tão presente...
Que os abraços fraternos
Não acabem em prosas dispersas
Erradas palavras de ordem
Chuvas de “granito"
Calçadas de sangue e “granizo”
Gritos,
clichês popularescos / e ódio entre irmãos.

Sim, é o que peço:
Que os pensamentos diversos
Se igualem em respeito pelo outro
Que nada fique solto na frase / na base, na crase.
Seja justo e contratado !

Que o nossos amores
Sejam mais que verbos intransitivos
Que sejam definitivos
Que sejam transitado em julgado
Que não caibam recursos

E que no curso da história
Sejam escritos nas paredes
Feitos por um bom pichador:
"Mais amor, por favor! "
Jamais uma súplica,
Sempre afirmação.

E que todo esse sentimento
Vire um lema de vida
um leme, as velas, sua direção e saída,...

Seja mais que um poema
Não repouso dos fingidores
Nós os viajantes do tempo...
Que não nos importem etnias,
gêneros, cores,
distâncias,
falsos rumores,
Que se partam em pó ditadores
Que prevaleça a graça
Que se levantem as taças:
É agora o nosso tempo !
É agora o nosso tempo !
Quatro minutos
E uma eternidade de amores.

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