Antes eu trocava a fita
sujava os dedos
no tecido negro e rubro
Furava a seda da Olivetti
Tek-tek-tek
Usava limpa-tipos
Folhas A4, Correto Carbex
Missivas em posta restante
Postais de um lugar distante
Tempos passados querida...
Hoje é tudo num instante
Hoje meu mindinho apoia meu verso
enquanto o polegar vacila
entre o amor
e o horror ao corretor
Faz plim quando ela chama
Infla meu peito
Satisfaz meu ego macho-alfa
"Manda nudes meu bem..."
Aquele jeito, aquela chama
Em tempos modernos
Até o vício solitário é diferente
Tem um giga de velocidade
Não é fake, é maldade
Portanto a paixão de improviso
agora circula em ondas de um 4G
Não mais nas mucosas do ponto G
Sabe lá o que é isso?
No "hifi" eu dançava colado
Sussurrava segredos
Embaraços ao pé do ouvido
Agora ?? Duvido !!!
Muda a letra
Sai "h" entra o "w"
E no "wifi" de hoje
Só a senha é o desejo
Pode crer! Mais que um beijo!
Pois que venham !!
Noites insones em zaps da vida
Paracetamóis virtuais
Boleros em pacotes de dados
Substituição da solidão
Por mais solidão
A vida no modo avião
Ansiedades aflitivas
Por respostas imediatas
Obsessivas
Obsessões
por notícias
Por sinais
Por torturantes áreas de cobertura
Premissas falsas
Verdades ora irrelevantes
que os bits nos aproximam
E nos trazem paz
Por hora, querida.
Não mais.
Parabéns confrade pela brilhante participação no Festival de Poesia de Andrade Costa, onde recitou este belo poema, recebendo, na ocasião, aplausos merecidos. Um fraterno abraço.
ResponderExcluirObrigado confrade !
ResponderExcluirExcelente, Confrade!!! Delicioso o poema, trazendo uma poesia sublime, fluida, transbordando a liquefação do sentimento, porém sem perder o devido valor, apenas transmutando. Belíssimo!!!
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