quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Tem certas coisas que os filhos não aceitam bem... - por Guaracy Muniz Carioca


AVISO: CONTEÚDO IMPRÓPRIO PARA MENORES DE 12 ANOS - APRESENTA LINGUAGEM CHULA

E se te desse a louca (e foi dito com muita propriedade por Horácio “desipere in loco”- Enlouquece-te de vez em quando), e você se apaixonasse por um jovem trinta anos mais novo que você, com a libido à flor da pele e você fosse pega numa terça-feira às três da tarde gemendo na cama como uma loba no cio, sendo xingada de todos os nomes que uma mulher casta e pudica não deveria gostar de ser chamada...
E se te desse a louca e você vendesse sua casa com tudo o que tem dentro para colecionar apenas carimbos de “visto” de outros países em seu passaporte? Será que continuaria sendo a filha, a mãe e a avó querida? Ou tentariam te interditar para controlar tuas finanças alegando insanidade?  
Será que amparar os outros não se tornou uma obrigação velada? Uma troca macabra por aceitação, carinho e atenção?  Quanto do bem que fazem para você é exclusivamente para você? Quantas vezes fizeram para você a sua comida favorita? Quantas vezes te deram um sapato daquela loja que você gosta? Será que sabem ao menos a sua cor preferida? E se descontássemos tudo o que é feito para o bem de todos, como lavar o carro, fazer comida e arrumar a casa, o que sobraria de bem para você? E se você não tivesse nada a oferecer? Nenhuma vantagem financeira ou de outro conforto qualquer? Será que todos te amariam com a mesma intensidade que dizem te amar? Quantas vezes você ouve “Eu te amo” sem precisar perguntar ou sem vir um pedido de algum favor ou presente logo depois?
O dito “politicamente correto” dificulta e afasta grandes amizades, porque grandes amigos se tratam por adjetivos chulos e baixos e tudo vira uma grande brincadeira de chocar os incautos ao redor.
Digo sem medo de errar: Cuidado com a opinião dos que te amam, mas dependem de você, mesmo que em parte, por questões financeiras, afetivas ou de conforto, porque são opiniões tendenciosas.  E porque talvez a tua verdadeira felicidade vá contra todos os estereótipos que eles fazem de ti. Talvez te queiram pacata, sentadinha de pernas cruzadas e falando baixinho até o fim da festa. Feliz por ganhar uma caneca de “A melhor mãe do mundo” no Dia das Mães, ou conversando sob sutil vigilância, pela internet com vários “amigos” que nunca irá conhecer pessoalmente.
E se, da noite para o dia, você resolvesse começar a beber e fumar como uma adolescente no primeiro ano de faculdade longe dos pais? E se esquecesse de tantos compromissos que na realidade nem são seus? E se pensasse em experimentar novas sensações, antes de amanhecer? Percebes uma oculta cerca eletrificada de arame-farpado ao redor da tua liberdade de expressão?
E quando você ficar velha demais para despertar o interesse de alguém do sexo oposto, ou do sexo que mais te atrair, e os filhos todos já estiverem com suas vidas encaminhadas, quem vai querer cuidar da idosa faladeira e cheia de dores e horários para tomar remédios? Quem vai andar devagarinho ao seu lado como quando você levava eles quando estavam ainda aprendendo a andar? Quem vai ter com você a paciência que você teve com eles?
O mais provável é que você continue por toda a vida comprando atenção, cordialidade e aquiescência entre os dentes, deles.  Comprando eles para não te deixarem abandonada, quando o que você realmente queria era ficar nua em pleno Culto de Natal, ou gastar uma gorda fatia do teu décimo terceiro salário para fazer sexo, ao menos mais uma vez, com um jovem e musculoso michê. Mais um sendo comprado para disfarçar a cara de nojo, pena e impaciência.
E aí numa madrugada solitária você irá encontrar esta carta, já amarelada, rasgada e colada com fita adesiva e vai descobrir mais uma vez que eu era teu amigo de verdade e que te amava sem exigir nada em troca além da natural troca de atenção entre amigos. E que sabia a tua cor favorita.
Tantos bens de consumo parcelados nos cartões de crédito, mas nada preencherá o vazio de não ter ninguém para te chamar de “meu tesão”, “minha putinha gostosa”. Ou te sussurrar ao ouvido entre lençóis: “Abre essas pernas meu amor que hoje eu quero te chupar a noite toda!”...
Percebes? Tem certas coisas que os filhos não aceitam bem...

Um comentário: