domingo, 17 de março de 2019

GRANDE MANCADA (De carona no surreal) - por Ludwika Piekut

Grande mancada
 
Vazia, oca, aérea, entregue  à escolha  dos meus pés cegos - andei vagando por aí, com olhos vesgos de esforço, de tanto trocar lugar com as orelhas.
Sol nascia no oeste e, ao mesmo tempo, no lugar dele caia como moeda de pagamento a lua de prata, de mudança para trás do horizonte. Agora alcançável.
-- Duas faixas de luzes, paralelas, cruzaram suas retas  finalizando show  que, afinal, não continuará. Nem deve! --Ninguém lamentou  falta de colorido no espetáculo. --- Circulando... lancei- me para a frente.
---- Fui caçar. Atirei. Pensei que matei um elefante.... Atirei na sombra dele. Estava atrás de mim com a pata erguida, apertando carinhosamente a trompa que enrolou  em volta do meu pescoço.
---- Dei taça de veneno para cobra se deliciar. Agradeceu fortalecimento  envolvendo meu corpo num " grande abraco" mortal com carinhoso beijo de vampira  assanhada.
---- Cansei. Brincando despreocupadamente de roleta russa dei vários tiros na minha cabeça. Não sei como nao reparei que já o primeiro dis paro continha a bala. Com um malicioso sorriso, meu  reflexo  no espelho me parabenizava pela distração.  -  Em seguida -  estorou em mil pedaços.
        Com azar  à vista, fiquei com a raiva.
Derrubei   com  machado  a última  árvore do meu quintal.
Lágrimas de resina deslizavam pesado , devagar. Endurecendo, consolidaram final  da despedida

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