Um sino
irrompe a tocar em plena tarde:
O morto da véspera
abre
o olho branco no caixão
E um cavalo desembesta no caminho do abismo.
O domingo
É uma capa de bronze que me pesa nos ombros,
E o tédio
feito
uma lança
trespassa-me
Como trespassou a Cristo
no
Monte da Caveira
a
lança do soldado.
O sino toca,
Plange,
Aquieta-se o dia,
O Sol é o cavalo a galope
na
direção do poente.
Vi uma inocente sangrando à beira do caminho,
Pensei que estivesse impura
Mas o sangue vinha de seus pulmões enfermos.
Se morresse
O Inferno talvez fechasse suas portas
E cérbero pudesse enfim uivar para a Lua.
(14/06/2005; do livro "Testamento")
Simplesmente perfeito. Imersivo e denso.
ResponderExcluir