Taí ! Decidi ! Não vou morrer!
É . É isso mesmo! Nem vem !
Se a Morte vier vou tratá-la com desdém.
“Espere aí na recepção” - direi
Vou continuar conversando com o João.
“ Mas João, que jogão ontem, hein?!”
“ Não vai atender a moça, Clayton?”
“Moça ?!
Essa quer troça comigo!
Quer que eu vire do avesso
Quer me aplicar um castigo?!
Logo eu ! Estou só no começo!”
Miro sem vontade e digo sem apreço
“Pode esperar por aí...
Mas sentada, senão cansa”
Ela, de vestido grená, quer dizer alguma coisa
Mas Morte não tem boca
Não me leva pra Roma, não bebe guaraná
Só uns murmúrios tolos que parecem me querer
Mas quando eu não quero, nada me faz mudar
Logo toca a campainha
abro a porta e é a Vida
Passo ela na frente;
nem precisa de senha
Abraço com força
Chamo ela pra dança
Moça esperta !
Acompanha meus passos
Serpenteia em meus dribles
Dá replay na minha finta
Faz assim desde criança.
Vida se pega na cintura
E se conduz sem destino
Joga luz em minha tinta
Nada me faz mudar
A outra?
Que espere ali na recepção.
E João me pergunta: você volta?
“Vou partir com a Vida, acho que não volto, não”.
Gostei quando ouvi e gosto mais ainda quando tenho a oportunidade de ler. Parabéns!
ResponderExcluirObrigado, querida.
ExcluirUm diálogo imaginativo, ambientado no cotidiano, como persuasivo, poético CONTRA - perante as chocantes notícias sobre "mortes matadas" e autoaplicadas.
ResponderExcluirCom esta sua peculiar linguagem, tatuada por claramente declarado amor pela vida, você passa um lindo recado e consegui embutir, com toda naturalidade, uma inesperada leveza ao assunto tão pesaroso.